sábado, 10 de dezembro de 2011

No fim de tudo é só saudade .

Pensei que seria apenas mais um dia, mas naquela tarde de segunda-feira tudo estava pior do que o normal. Pensei que levantaria da cama com o coração doendo e os olhos inchados, comeria alguma coisa e deitaria no sofá para assistir tv até adormecer. Minha rotina era sempre essa desde o dia em que ele partiu. Não, tudo era diferente, tudo mesmo. Eu estava cansada da televisão e de dar audiência a programinhas fúteis, não estava com nenhum pingo de fome e meus olhos lacrimejavam mais que o habitual. Reli aquela bendita carta pela milionésima vez e fui lavar o rosto. Vi meu semblante completamente abatido, fechei os olhos num suspiro e ao abri-los dei de cara com uma nova imagem: Éramos nós que estávamos lá. No espelho um fraco reflexo de um amor que saiu pela porta, porém nunca se foi. Chorei silenciosamente por minutos seguidos e a cada vez que abria e fechava os olhos, o mundo girava e a cena mudava. Por um momento pensei estar num sonho, mas era real demais e estava doendo demais para que eu não estivesse acordada. Eu poderia até estar louca, de fato, mas dormindo é que eu não estava. Não sei ao certo quanto tempo fiquei ali, mas aquela era a primeira vez que eu o via. Dane-se se era delírio e se me machucava, eu o tinha e naquele momento ele era apenas meu. Comecei a ouvir vozes, imaginar mais um diálogo entre nós. Quando nossos lábios se tocaram, pude sentir o efervescer de meu corpo e então sorri, mesmo que chorando. Ele levou malas cheias de roupa, levou os porta-retratos, mas continua em meu peito e as paredes do nosso quarto ainda são testemunhas do nosso amor. O sentimento ficou, ficou o silêncio, ficaram vários nós, vários pontos de interrogação. De repente o ouvi dizer que ia embora, que eu o conhecia e que tinha sido erro meu acreditar que ficaria para sempre. Lavei o rosto novamente e ao olhar no espelho ele tinha ido junto às lágrimas. Respirei fundo e conscientizei-me de minha parcela de culpa em toda a situação, pois ele nunca me iludira em relação ao seu tempo de estadia e uma hora ele partiria, mesmo dizendo que me amava. Prometi a mim mesma sair daquela situação e pus à força em minha mente o que ele me dissera inúmeras vezes:
Quem ama aos pássaros têm ou de se habituar ao cantar triste que eles emitem ao estarem engaiolados, ou de suportar a dor de vê-los partir.

- Percebi que não havia nada de tão diferente naquele dia, foram só algumas doses a mais de saudade e eu teria de agüentar, passar por cima daquilo e viver.

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